Equilibrio
Eu gostaria de ser intensa. E até acho que sou. Mas eu tenho algum tipo de fronteira que me impede – e não sei se isso é algo a comemorar ou não – de chegar aos extremos. Tenho, sim, qualquer equilíbrio, que às vezes parece produzido industrialmente e colocado como um chip na minha personalidade, simplesmente porque, às vezes, parece que, de verdade mesmo, ele não é parte de mim. Mesmo porque, ultimamente e por alguns momentos, tenho esquecido dele.
Não sei bem por que e também não sei como. E por mais que quisesse ser intensa, recentemente tenho buscado resgatar esse pouco de equilíbrio que por vezes parece que perdi. Confuso, não? Eu não o quero, mas quero. E não pense que eu me refiro ao equilíbrio de consciência, mental. É aquele equilíbrio que, outras vezes, me garantiu a frieza e a segurança de de que eu, comigo, me bastava.
De que eu queria uma vida plena de diversão.
Sabe como foi que eu perdi isso tudo? Você apareceu na minha vida. Quando eu não esperava. Mas eu queria… ah, como eu queria que alguém exatamente como você aparecesse na minha vida. Para acabar com aquele equilíbrio que me fazia bastar a mim, porque eu comigo mesma, às vezes, me sentia sozinha. E foi a melhor coisa que me aconteceu. Algumas paredes foram desfeitas, e todo carinho que eu guardava, sempre bem guardado no meu coração, encontrou rachaduras e transbordou. Deu sinais de vida. Ótimos sinais de vida. Até que todo o carinho que eu tinha perdeu o sentido, por alguma razão que ainda hoje eu tento assimilar e entender.
E agora eu tenho a mais absoluta consciência que o grande efeito que ficou disso tudo é que eu te amo. E que tua ausência faz tornar mais e mais evidente a falta também desse equilíbrio e dessa frieza que faziam de mim apenas eu; porque, agora, eu sou nós. Nós que eu me tornei quando te conheci e que não deixei de ser. E que não sei quando vou deixar de ser.
Nós. Esse é o saldo positivo disso tudo. Aprendi a ser nós. Gostei de ser nós, de pensar as coisas por mais de um, de saber que tinha um pouco de mim também em outra pessoa.
Não sei mais. E não sei se quero me importar com isso, porque a tua presença me serve para resgatar as coisas perdidas e também para manter estáveis as coisas conquistadas. Sem inquietação, sem saudade. Sem ficar triste.
Tristeza remete a lágrimas. Eu tenho chorado muito. Não pela tristeza. Em alguns momentos, de outras coisas. Porque quando você chegou e tomou o lugar da estabilidade que me manteve sempre neutra, me tornou também mais sensível. E isso foi bom, porque eu me tornei mais intensa. Era o que eu queria, é verdade. E isso foi ficando mais e mais e mais evidente. Até que chorei, emocionada, diante dos outros. E não fiz qualquer questão de segurar. As lágrimas que derramei também tinham um pouco de ti. Exorcizei, em água e sal, toda aquela saudade que me angustiou por intermináveis dias. Como um obrigado a todas as pessoas que estavam diretamente ligadas a mim na tua ausência. Que tomaram um pouco o espaço que você deixou para me ajudar a ficar bem. E seu rosto lá, sem estar lá da forma que eu desejava tanto, também me fez chorar. Tudo tornou forte esta saudade e este sentimento de ausência e insuficiência. E chorei.
Outro dia, pensei que as coisas que me deixam triste não merecem que eu pense nelas por mais de cinco minutos. Estabeleci esse tempo porque também é importante que eu reflita sobre. E pensei que você não está incluído nesta categoria porque me faz feliz. E eu bem que gostaria que fizesse mais e mais e mais. Mas eu não sei bem como fazer isso acontecer. Planejar estratégias de nos tornar plenos de novo cansa. E acho que também não depende de estratégias. Depende da gente junto. Porque o que um não quer dois não fazem, já diz o dito popular. Eu queria muito que nós dois quiséssemos a gente. Eu quero.
- JeeRed'
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